Crônica de Salvaterra-Dêem as boas vindas aos Alves Inácio.
Finalmente a chuva decidiu dar tréguas e foi levada a cabo
na praça de toiros de Salvaterra de Magos a X Tourada do Tomate, mesmo assim a
arena não estava nas melhores condições, mas o espectáculo foi levado por
diante. Meia casa deu as boas-vindas à nova ganadaria Alves Inácio, procedente
de Coimbra Barbosa, cujo encaste actual é Murube. O efectivo pasta no Monte
Cunha, Benavente. O cartel era composto por João Salgueiro, Paulo Jorge Santos
e Manuel Telles Bastos, em substituição do anteriormente anunciado João Telles
Jr. Pegaram os Amadores de Évora e Vila Franca de Xira.Todos os toiros saíram
com boa apresentação, bem rematados de carnes.
O primeiro da tarde, Senhorito de nome, e com 540kg coube em
sorte a João Salgueiro que o parou com classe. Deixou a ferragem comprida da
ordem, partindo recto para o toiro. Nos curtos ficou aquém das minhas
espectativas tendo em conta aquilo que tenho visto deste cavaleiro. Destaco o
2º curto de nota alta. O quarto da tarde era encastado e pedia contas. João
Salgueiro nos compridos deixou-se tocar e as reuniões a não resultarem como
mandam as “regras”. Algumas passagens em falso, mas destaco o 3º comprido.
Salgueiro deixou alguns detalhes, alguns apontamentos, mas mesmo assim teve uma
passagem discreta por Salvaterra.Paulo Jorge Santos enfrentou um preto de 510kg
de córnea imponente, de meter respeito a qualquer um. O cavaleiro saiu a gosto.
Vontade parecia não lhe faltar. Com um toureiro alegre e ligado ao público levo
a cabo uma boa lide. Destaque para brega. Deixou a ferragem comprida da ordem.
Nos curtos fez por seguir as regras, máxima nem sempre cumprida.
Terminou com um palmito que o público aplaudiu. O quinto da
tarde de 525kg era uma estampa. Talvez capotazos a mais tê-lo-ão feito vir a
menos no final da lide, descaindo para tábuas. Paulo Jorge Santos deixou três
compridos. Nos curtos andou de novo alegre e ligado ao público. Adornou-se com
piruetas na cara do oponente. Terminou com um violino.Se a classe tivesse nome,
seria Manuel Ribeiro Telles Bastos. O terceiro da tarde tinha 530kg,
Manuel deixou-lhe três compridos. Nos curtos partiu de
frente para o toiro, cravou de alto a baixo, ao estribo e rematou rodando o
piton. E a proeza foi-se repetindo. Há toda uma classe inerente a este
cavaleiro, as boas maneiras com que monta, o tricórnio utlizado do inicio ao fim
da lide, a postura… O toiro ‘rachou’ e a lide foi prolongada em demasia, Manuel
quebrou o ritmo porque lhe custou sacá-lo de tábuas, borrando um pouco a
pintura. O último da tarde era encastado e difícil. Saiu a pedir contas.
“Contas” estas fáceis de resolver para o toureiro que teve por diante. O ginete
da Torrinha deixou três compridos de nota alta. Com sortes muito bem
desenhadas, citou de praça a praça, partiu de frente para o “Distraído”, cravou
de alto a baixo e ao estribo. Salvaterra desfrutou e aplaudiu o toureio de
verdade e com verdade, aquele que vem escrito nos livros. Por ordem de
antiguidade saltaram em primeiro lugar à praça os Amadores de Évora. Foram caras
Ricardo Sousa que consumou à quarta a sesgo e com ajudas carregadas; Dinis
Caeiro igualmente à quarta a sesgo e com ajudas carregadas e João Madeira que
consumou à primeira.
Pelos Amadores de Vila Franca de Xira pegou António Faria à
primeira tentativa, David Moreira igualmente à primeira e Rui Godinho também
consumou à primeira, a pega da tarde.
Em disputa estavam troféus para melhor lide e melhor pega
que foram entregues, de forma justa avaliando pelos aplausos do público quando
anunciados os nomes, a Manuel Ribeiro Telles Bastos pela lide do sexto da
tarde, e a Rui Godinho pela última pega da tarde.
Dirigiu com acerto a corrida o Sr. Rogério Jóia.
Liza Valadarez
Liza Valadarez