Noite da Grande Corrida LUX, lotação esgotada, cartel de eleição.

Se a moldura humana que encheu a primeira praça do país foi bonito de se ver, o mesmo não posso, nem consigo, dizer do que se passou na arena.

E os toiros? Onde andaram eles? O dito ‘toiro-toiro’ não esteve no Campo Pequeno, certamente. O curro Ma Guiomar C. Moura deixou a desejar. Toiros em tipo, no que toca a apresentação (exceptuando o segundo da noite). Em comportamento foi o expectável, mais do mesmo, pouca mobilidade e transmissão, alguns a precisar de ‘empurrões’.

Quando se anunciava o cartel, davam pouca importância à ‘cabeça de cartaz’. Pergunto-me: porquê? Esquecimento? Claro que não! Tirarão as vossas próprias conclusões. António Ribeiro Telles abriu a noite frente a um exemplar de 584kg de escassa força e que cedo se refugiou em tábuas. A ‘mestria’ do cavaleiro veio ao de cima quando, meritoriamente, o sacou de tábuas para cravar os ferros possíveis com a matéria-prima que teve por diante. Não esquecendo a essência do toureio, cravando de alto a baixo e ao estribo, mesmo quando deixados a sesgo. O segundo, de 560kg de pouca transmissão mas de melhor apresentação, ‘permitiu’ uma lide dentro do mesmo tom da anterior, com destaque para o penúltimo curto.

Pela segunda vez este ano em Lisboa, Pablo Hermoso de Mendonza foi ovacionado logo de saída. Mas os aplausos foram ‘sol de pouca dura’. Um toiro de 500kg de inadequada apresentação para a praça em questão, sem forças. Os assobios soaram e foram justíssimos. Pablo fez uso dos seus dotes de bom equitador e rejoneador para sacar as poucas ovações da lide. Entre recortes e ladeios levou a cabo a primeira da noite. Das bancadas ouviram-se fortes protestos, ouviu-se, inclusivamente ‘Pablo, isso tudo mas com um toiro!!’. Volta autorizada, mas recusada. O segundo, de 595kg, é caso para dizer que peso não é bravura. O oponente transmitiu pouco, Pablo andou em melhor tom do que no seu primeiro. Deixou a ferragem da ordem ao seu estilo. Por vezes rematou com piruetas aplaudidas. Acredito que não tenha sido a noite sonhada do rejoneador, nem do público que preencheu as bancadas.

João Moura Jr. teve os dois melhores do lote, dentro do ‘panorama’ apresentado. Foi protagonista dos melhores momentos da noite. Levou a cabo duas lides semelhantes. No primeiro, de 594kg, para mim o menos mau da noite e com mais transmissão, andou como é seu apanágio. Brega ligada, batidas e remates que entusiasmam o público. Destaque para o terceiro curto. Fechou a noite com um de 590kg. Uma ‘faena’ em tudo parecida com a anterior. De boa qualidade foram os dois primeiros curtos, onde aguentou a investida, bem como o palmito com que terminou, sacando a maior ovação da corrida, acabando em grande plano. O público ainda pediu ‘mais um’, mas o cavaleiro soube bem quando e como acabar, não cedendo ao pedido.

As pegas estiveram a cargo dos Amadores de Vila Franca de Xira e Chamusca.

Por Vila Franca foram caras Bruno Casquinha que concretizou com correcção à primeira, Pedro Castelo à terceira e Rui Godinho igualmente à terceira depois de um primeiro intento deslumbrante ter sido desfeito por um forte derrote, o forcado, depois da merecida volta, agradeceu ao centro.

Pela Chamusca, pegou Luís Isidro à primeira tentativa, concretizando por uma boa pega, o cabo Nuno Marques que se despede Hoje da chefia do grupo, à segunda e Nuno Marecos, à primeira, fechando-se bem de pernas e braços, enchendo a cara ao toiro.

Dirigiu a corrida o Sr. Rogério Jóia.

Lisa Valadares Silva