Se fosse como muitos expectavam, não teria sido assim…

A inauguração da temporada 2015 no Campo Pequeno aconteceu no passado dia 9. O início de uma temporada sensacional, um cartel forte constituído por três figuras do toureio a cavalo: Rui Fernandes, Diego Ventura e João Moura Jr.; uma ganadaria de prestígio: Pinto Barreiros; e dois grupos de forcados de renome: Amadores de Lisboa e Alcochete.
E de praça cheia se deu início ao espectáculo:
Um curro que ficou a desejar no que toca a transmissão, mobilidade e bravura. Apresentação aceitável e comportamento díspar.
A primeira lide da temporada ficou a cargo do experiente Rui Fernandes. A actuação do cavaleiro frente ao primeiro da noite foi ‘morna’ destacando-se um curto da série da ferragem e pouco mais. No seu segundo, subiu um pouco de tom. Levou a cabo uma lide discreta que primou pela entrega, mas sem grandes destaques.
Diego Ventura, de regresso a terras lusas, estava no centro das atenções. O primeiro descaiu cedo para tábuas e o rejoneador de tudo fez para o sacar desses terrenos, de tudo mesmo. Incluindo utilizar um casaco, lançado por algum entusiasta do seu toureio, para o levar até aos médios. Mérito para os curtos que deixou. Mas os maiores aplausos surgiram quando ladeou. Este primeiro ‘só queria’ tábuas e nem para recolher ‘colaborou’. O segundo foi diferente, mas não se aproximou sequer daquilo que era o esperado. Deixou a ferragem da ordem e mais nada. A emoção mal chegou às bancadas. Acabou prometendo ao público lisboeta que da próxima vez será melhor.
João Moura Jr está em grande nível. Calhou-lhe em sorte os mais leves, mas também os melhores toiros, dado o panorama geral. Frente ao primeiro desenrolou uma agradável lide embora o oponente transmitisse muito pouco. O seu segundo e último do espectáculo (que já ia longo) foi, talvez, o melhor da corrida. Fechou bem a noite protagonizando bons momentos, destacando três curtos com cites de praça a praça. Embora nem sempre tenha cravado da forma mais ortodoxa, abrindo, por vezes, em demasia o quarteio.
No que toca às pegas, Lisboa concretizou à primeira tentativa por intermédio do valente forcado Pedro Gil, Duarte Mira efectivou também à primeira com correcção a pega ao terceiro da noite e Manuel Guerreiro fechou-se e bem ao segundo intento. Por Alcochete o cabo Vasco Pinto citou três vezes (o toiro que saiu em 2º lugar, lidado por Diego Ventura) mas em vão porque o Pinto Barreiro ‘estacionou’ em tábuas e de lá não quis sair. Foi a pega efectivada de cernelha ao segundo intento pela parelha constituída por Vasco Pinto e Pedro Belmonte; Rúben Duarte pegou o quarto da noite à primeira tentativa realizando uma pega ‘limpa’; Nuno Santana pegou o último à primeira tentativa tendo sido esta, para mim, a melhor pega da noite com o forcado a agarrar-se bem à córnea e a aguentar a viagem
Dirigiu a corrida o Sr. Pedro Reinhardt.

E que a corrida inaugural não seja o espelho da restante temporada. Encha-se o Campo Pequeno de aficionados, arte, emoção e acima de tudo encha-se de bravura e verdade.  Fica o meu desabafo e desejo.

Lisa Valadares Silva