Santarém abriu a porta grande.

A noite foi do Grupo de Forcados Amadores de Santarém! 100 anos a defender os valores de Portugal, como disse o valoroso cabo Diogo Sepúlveda. A porta grande do Campo Pequeno voltou a abrir-se, desta vez para um valor nacional – para os Amadores de Santarém. Não houve ‘cavalitas’, mas ninguém precisas de ‘cavalitas’ para sair com dignidade pela porta grande da primeira praça do país. Em noite de comemoração do centenário, era visível a alegria e a emoção dos que envergavam a jaqueta de ramagens, mas também daqueles que se deslocaram ao Campo Pequeno para ver os ‘seus’. Foi bonito!
O Campo Pequeno esgotou! É muito bom sinal. Que o feito se repita!
O curro David Ribeiro Telles saiu em tipo da ganadaria, pesados e o melhor foi, na minha opinião o último que valeu volta ao ganadero.
Começando pelas pegas – sim, porque para mim foram os Amadores de Santarém quem ‘fez’ a noite. O primeiro foi pegado por intermédio do cabo, consumou com correcção à primeira tentativa. João Grave foi eleito para ir à cara do segundo e efectivou ao segundo intento depois de na primeira tentativa não ter aguentado a violência do primeiro derrote. Luís Sepúlveda foi à cara do terceiro e efectivou à primeira, fechou-se com coração e ficou lá com eficácia. Lourenço Ribeiro consumou uma pega ‘limpa’ à primeira tentativa. António Goes fez o ‘pegão’ da noite! Onde a paixão se sobrepõe à bravura, onde o coração é maior que a violência dos derrotes, quando a garra e valentia são transpostas para uma pega ‘de outro mundo’! Aguentou por quatro vezes os derrotes do mais pesado da noite, mas nada o tirou da cara dele. Como passar para palavras? Teve a maior e mais calorosa ovação da noite. Deu três merecidas voltas! João Brito pegou o último da noite e fechou em bom a prestação dos de Santarém, consumando à primeira tentativa uma pega rija.
Pablo Hermoso de Mendonza abriu a noite (o que não muito comum ver por terras lusas) e luziu-se entre recortes e ladeios, nada que não fosse expectável, e com isso sacou as maiores ovações. Dos curtos destaco o segundo e o último que deixou a um David Ribeiro Telles com pouca transmissão. No segundo, um reservado exemplar, levou a cabo uma lide sem destaques de maior, excepto no final: deixou três palmitos à volta do toiro e depois um par de bandarilhas.
Moura Jr., no primeiro, fazendo ‘uso’ dos quiebros ainda passou duas vezes em falso, tirando o toiro de sorte. Depois emendou-se e andou mais acertado perante um exemplar que não perseguia muito depois da colocação da ferragem. Sendo de destaque o terceiro curto. No segundo, fez uso dos recortes e ladeios e chegou com facilidade às bancadas. Entre batidas ao piton contrário, terminou com dois palmitos de violino. Foi calorosamente aplaudido.
João Telles Jr, andou correcto em ambas as vezes que pisou a arena do Campo Pequeno, frente ao primeiro que lhe coube em sorte e que pouco perseguia, destaco o quarto curto. Com o ultimo, bravo e que transmitia, o melhor do lote, creio, João Telles Jr levou a cabo uma lide que teve emoção e impacto nas bancadas, fez bem feito, sendo que o quarto curto foi de grande qualidade. Terminou com um aplaudido palmito.
Dirigiu a corrida o Sr. Manuel Gama.

Lisa Valadares Silva