Campo Pequeno A Noite de Juventude.

A passada quinta-feira foi dedicada aos jovens. Uma noite de apoio e promoção de novos valores. Pena que só se tenha preenchido 1/3 de casa.
A noite começou e terminou com toureio a pé. Diogo Peseiro foi o primeiro e lidou um exemplar de Varela Crujo, a bravura não predominava e não fez mal nenhum. Peseiro recebeu com uma porta gaiola e um quite variado de capote. Luziu-se com as bandarilhas. Na muleta toureou por ambos os pitons e terminou com uma série de joelho em terra. O segundo que lhe coube em sorte era de David Ribeiro Telles, sério e em tipo, levou a cabo uma faena agradável. Lidou o último da noite, um Murteira Grave complicado. Foi variado, inspirou-se em várias figuras, Morante e Fandiño por exemplo. Bandarilhou com bandarilhas curtas e quando simulou a estocada final fê-lo sem muleta e atirou-se para a cara do novilho. Como já lhe vimos mais vezes. Peseiro mostrou-se e houve quem gostou.
João Silva, El Juanito, não teve uma noite de sorte. O exemplar de Mata-o-Demo ‘deixou-se’. Juanito tem muita classe e muita arte. Este ano já passou por praças importantes de Espanha e de momento, e o novilheiro português que mais toureia em terras de ‘nuestros hermanos’. Em Lisboa não foi diferente, vinha para mostrar o que vale. Recebeu bem no capote e na muleta mostrou grande qualidade com a mão da verdade. Pena que depois, num passe de peito, tenha cortado dois tendões da mão e tenha visto a sua prestação no Campo Pequeno finalizada mais cedo do que esperaria.
A cavalo, Parreirita Cigano, foi o primeiro. Toureou um Passanha que foi ‘colaborando’ ao longo da lide, sendo que mais perto do fim se ia refugiando em tábuas. Este jovem cavaleiro tem um estilo muito próprio, bate de forma pronunciada ao piton contrário, faz corações pararem na bancada e depois crava com muita emoção. Tem muita noção de lide e dos terrenos. Mas acima de tudo, mostra muita vontade e muita raça. Em alguns momentos fez-se notar a sua tenra idade, mas há futuro!
Francisco Parreira lidou um exemplar de Canas Vigouroux e fê-lo bem. Parreira toureou do início ao fim de tricórnio, algo que os mais acérrimos defensores dos cânones do toureio a cavalo valorizam. Tentou em todos os momentos de brega só deixar uma mão nas rédeas e outra na sela. Uma lide muito no estilo clássico. Levou a cabo uma lide regular e de bonitos detalhes.
Dois cavaleiros, dois estilos. Ambos com coisas a dizer na nossa tauromaquia, parece-me. Nota-se que estão pouco toureados. Que lhes sejam dadas oportunidades. E aqui uma ressalva para a empresa que permitiu a estes jovens mostrarem-se na catedral do toureio a cavalo.
As pegas estiveram a cargo dos Amadores do Redondo. Rui Grilo consumou à segunda tentativa tendo-se fechado com decisão. O cabo Hugo Figueira concretizou à primeira com correcção.

Lisa Valadares Silva