Nem parecia uma terça nocturna.

A terça-feira nocturna é um marco na nossa temporada taurina. Mas este ano fica para a história não pelos melhores motivos.
¾ da Palha Blanco preenchidos para a primeira corrida feira -  o anunciado duelo ibérico de ganadarias. Anunciados estavam três Miura e três Palha. E começando exactamente por aqui, pelos toiros. A bem ou a mal o toiro é e será sempre o rei da festa. O problema foi não termos ‘rei’ a altura. Se o primeiro Miura não encheu as medidas aos aficionados, o segundo foi de assobios do início ao fim: fraca apresentação, escassez de forças, avacado. Pouco digno de sair numa praça de toiros, muito menos numa praça de primeira. E em Vila Franca não há cá desculpas. Este Miura não podia ter saído na centenária Palha Blanco. O terceiro Miura foi o menos mau, mesmo assim sem presença e adiantava-se muito à montada. Os portugueses Palha também não foram muito melhores. O primeiro saiu bem apresentado mas descaiu cedo para tábuas, o segundo tinha problemas de locomoção e foi recolhido, o terceiro era ‘mansote’. Saiu em último o manso sobrero de Oliveira Irmãos.
No que toca aos cavaleiros, Luís Rouxinol abriu a noite com o primeiro Miura de 600kg e que protestava depois da colocação da ferragem. Primeiro com os compridos, seguindo-se os curtos quase todos a sesgo e alguns toques na montada, cumpriu mas sem o impacto habitual de Rouxinol. Com o Palha foi diferente, a experiência e valor do cavaleiro permitiram alguns bons momentos de toureio. O maior susto foi quando a montada escorregou na cara de toiro mas não passou disso mesmo, um susto.
Vítor Ribeiro parece-me que foi o menos felizardo com os toiros. Saiu-lhe o Miura assobiado e o cavaleiro fez o que pôde e não pôde muito. Os assobios que acompanharam toda a lide podem também não ter facilitado a vida ao toureiro. Lidou depois o Oliveira Irmãos, manso e distraído. Esteve valente Vítor Ribeiro e arriscou, resultando em dois curtos de qualidade que não foram suficientes para a banda tocar.
Salgueiro da Costa com o Miura não se acoplou na perfeição, as reuniões não primaram pela ortodoxia e consentiu alguns toques. Uma actuação discreta e sem ‘troféus’. Lidou o Palha que saiu em quinto lugar, o cavaleiro arriscou, quis ir ‘para cima’ do oponente, mas as reuniões resultaram pouco cingidas, acabando mesmo por se deixar tocar. De novo, sem música nem volta.
A noite, como reza a tradição, foi de exaltação do forcado Vilafranquense. Seis toiros para um grupo de forcados. Não tiveram tarefa fácil e as pegas foram duras.
O cabo Ricardo Castelo foi à cara do primeiro. Se a primeira tentativa tivesse sido concretizada, era um pegão. Ricardo só consumou à quarta, tendo visto as outras tentativas desfeitas dada a violência dos derrotes.
Gonçalo Filipe concretizou à primeira tentativa a segunda pega da noite.
Pedro Castelo, em noite de despedida, fechou-se decidido à segunda.
Outro ‘forcadão’ que se despediu foi Bruno Casquinha que consumou a sua última pega, e dura, à primeira tentativa.
Ricardo Patusco concretizou à terceira com ajudas carregadas a pega de um Palha de derrotava com violência.
Rui Godinho pegou eficazmente à primeira.
A verdade é que esta nem parecia uma terça nocturna. As ‘nossas’ terças ficam-nos na memória por bons motivos, desta terça tão depressa não nos esqueceremos, mas não, decerto, por bons motivos. É pena!
Sexta há mais, vamos ver o que nos espera…

Lisa Valadares Silva