A pureza de Finito.

Realizou-se no passado sábado no Campo Pequeno, com cerca de meia casa, o festival solidário a favor da fundação L. Vida. Foram angariados fundos suficientes para alimentar durante um ano as 250 crianças moçambicanas da fundação.
A primeira parte ficou a cargo da família Ribeiro Telles: António Ribeiro Telles abriu a tarde com um Murteira Grave que embora tenha ‘servido’ não era de investida pronta. Levou a cabo uma lide regular com destaque para dois curtos, em especial o último.
Manuel Telles Bastos lidou um exemplar de Canas Vigouroux com pata. Começou com uma tentativa de porta gaiola mas não passou disso mesmo, uma tentativa, depois aguentou a perseguição do Canas e a actuação veio a mais. Terminou com dois curtos de grande qualidade.
João Ribeiro Telles Jr., andou a gosto com o exemplar de David Ribeiro Telles. Bateu ao piton contrário e chegou com relativa facilidade às bancadas. O novilho perseguia e o cavaleiro aproveitou essa sua qualidade e realizou uma meritória actuação.
As pegas estiveram a cargo dos amadores de Santarém, Montemor e Vila Franca de Xira. Por Santarém foi à cara David Inácio que consumou ao quarto intento. Pelos de Montemor, Luís Valério fechou-se à primeira tentativa aguentando um forte derrote. Vasco Pereira, dos amadores de Vila Franca de Xira, pegou com correcção o novilho ao primeiro intento.
A segunda parte estava destinada ao toureio a pé: Vítor Mendes, Finito de Córdoba, Juan del Álamo e Diogo Peseiro.
Vítor Mendes luziu-se com o capote frente a um exemplar de Calejo Pires que pouco humilhava. Na muleta deu um toque de maestro, mas sem ‘rebentar’. Nas bandarilhas os portugueses Joaquim Oliveira e Francisco Marques foram merecidamente aplaudidos.
O melhor aconteceu com o quinto da tarde. Finito de Córdoba e o novilho de Paulo Caetano acertaram os passos e bailaram diante dos nossos olhos e aqueles que sentiram e entenderam ainda hoje se lembram daquela tanda de naturais, daquela pureza do toureio, daquela humildade e ligação com quem o via e aplaudia… E ainda hoje bailam na minha memória. ‘Fino’ deixou um perfume diferente na arena lisboeta. O exemplar de Paulo Caetano mereceu a chamada do ganadero à arena.
Depois do que vimos a passada temporada na mesma arena de Juan del Álamo as expectativas eram altas. O complicado novilho de Calejo Pires obrigou que Álamo se empregasse e esforçasse. Faena de muito mérito mas que acabou por não romper. Foi de notar a entrega do matador para tentar sacar do novilho o pouco que ele tinha.
O mais jovem do cartel e aluno da Academia do Campo Pequeno encerrou a tarde com o melhor exemplar de Calejo Pires. Não chegou com impacto às bancadas. Acredito que não tenha sido a tarde sonhada. Há que melhorar e evoluir. Por agora ficam um par de bandarilhas e alguns detalhes na muleta.
Dirigiu a corrida o Sr. Manuel Gama.
Um aplauso à empresa, um aplauso a todos aqueles que fizeram parte, de uma forma ou de outra, deste festival, um aplauso aqueles que foram ao Campo Pequeno e que permitiram ajudar a Fundação L.Vida. Que o feito se repita. A aficion agradace e acredito que as 250 crianças também.

Lisa Valadares Silva