A noite foi do 'Grupo da Vila'.

 O triunfo tem dono, ou melhor, tem donos: Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira. A noite foi deles! Foi a primeira vez, desde a reabertura do Campo Pequeno, que o Grupo de Vila Franca pegou em solitário na arena lisboeta. Um grupo que leva mais de 75 anos de história, com pegas que marcam a história da forcadagem, com forcados que ficarão na memória, foi mais que merecido esta oportunidade dada ao “Grupo da Vila”.
Um grupo não é constituído pelo cabo e pelos caras e o Grupo de Vila Franca de Xira é o perfeito exemplo disso. São realmente um grupo. Um grupo coeso, forte, renovado e com muitos toiros por pegar.
Quanto às bancadas do Campo Pequeno: cerca de meia casa, mais precisamente 49,04%. E de notar a forte presença de Vilafranquenses.
Quanto aos Canas de Vigouroux: todos de ímpar apresentação mas de escassa transmissão. Infelizmente, e na minha opinião, ficaram toiros por ver. E quando isso acontece…
Começando exactamente por aqueles que, para mim, foram os triunfadores.
O cabo Ricardo Castelo prontificou-se para ir à cara do primeiro e fechou-se exemplarmente à córnea consumando à primeira tentativa. Francisco Faria perdeu os sentidos quando reuniu violentamente com o Canas, mas como esta ‘malta’ é feita de outra fibra, depressa se recompôs e voltou a citar com garbo e a consumar com valentia ao segundo intento. Rui Godinho concretizou à primeira aguentando os derrotes do toiro. O jovem Vasco Pereira foi muito bem ajudado e consumou à primeira. Ricardo Patusco, esse forcado com provas dadas, concretizou com eficácia à primeira. Fechou a noite David Moreira com um pegão à primeira.
Quanto aos cavaleiros, Rui Salvador abriu a noite com um Canas que se revelou distraído. A prestação do cavaleiro resultou muito (demasiado) intermitente, consentindo algumas passagens em falso apesar do esforço de Rui Salvador. A entrega do cavaleiro continuou frente ao segundo que lhe coube em sorte com uma actuação que veio a mais com o decorrer da lide finalizando com um curto à Salvador, à cavaleiro dos ferros impossíveis, daqueles deixou as bancadas em pé.
O rejoneador Andy Cartagena andou em bom plano em ambos os toiros, ainda “embebido” na porta grande de Madrid. Lides completas, com classe e com qualidade artística, quer a nível equestre quer na escolha dos terrenos, na colocação da ferragem e no remate das sortes. Não faltou o número do cavalo, escusado mas que faz parte desta vertente do toureiro no entanto nada acrescenta à lide. Ainda assim estes números não foram em demasia como é costume no rejoneio.
João Telles Jr. teve uma primeira prestação sem grandes destaques frente a um reservado exemplar de Canas. Consentiu algumas passagens em falso e a actuação acabou por não romper. Com o segundo a história foi diferente, e João Telles Jr. esteve mais no nível que temos visto nos últimos tempos: citou em curto e deixou a ferragem correctamente chegando com facilidade e impacto às bancadas.
Dirigiu a corrida o Sr. Manuel Gama.


Lisa Valadares Silva