Glossário Taurino.

A
Abanto Toiro cobarde. 

Abrigo Lugar nas tábuas onde o toiro poderá refugiar-se por mansidão ou por estar ferido de morte. 

Acarneirado Toiro que apresenta uma testa convexa similar à de um carneiro. 

Afarolado Lance ou passe em que os enganos (capote ou muleta) passam por cima da cabeça do toureiro. 

Afeitar Cortar as pontas dos cornos, ou seja, eliminar o "diamante", que é a parte dura, afiada e mais contundente do corno. 

Afogueado Toiro que tem pêlo zaino ou castanho. 

Ajudado Passe em que o toureiro utiliza as duas mãos, apoiando a muleta com o estoque. 

Albardado O mesmo que Retinto. 

Almalho Toiro na força da idade. 

Alternativa Cerimónia em que um toureiro, apadrinhado por um profissional mais velho, atinge o escalão máximo da sua categoria, abraçando assim o profissionalismo. 

Alunarado Toiro com manchas de duas cores, pequenas e proporcionadas. 

Amoiriscado Toiro de cor amarelo-escuro. 

Anejo Denominação do toiro de lide quando este tem um ano de idade. É considerado Bezerro. 

Aparejado Toiro que se insere nas cores mistas e se caracteriza-se por ser Berrendo com uma mancha branca sobre o dorso/lombo. 

Apartado Separação dos toiros nos currais da praça após o sorteio; diz-se também de um loto de toiros escolhido e reservado na ganadaria para uma dada praça e data. 

Apoderado Gestor do toureiro que se encarrega de aspectos exteriores à lide, tais como contratação, recebimentos, publicidade, relações públicas, etc. 

Arraste Retirada do toiro da praça após a morte, o que é feito por uma terna de mulas devidamente ajaezadas. 

Aviso Advertência sonora ordenada pelo director de corrida (ou presidente) para que a lide termine; quando um toureiro em Espanha escuta os três avisos regulamentares, o toiro que está a lidar vai vivo para os currais. 

Azabache Toiro de cor negra, como as asas de melro. 

B 

Baichel Toiro com os cornos inclinados para baixo. 

Bandarilha Pau ornamentado com papéis de cor, com cerca de 70 cm, que termina com arpão de uma só farpa com 4 cm de comprimento, que se espeta no morrilho do toiro para o avivar. 

Bandarilhar Cravar bandarilhas no toiro; as principais sortes são a de frente, a de poder a poder (ou a “topa carnero”), a quarteio, à meia volta ou a sesgo. 

Bandarilheiro Profissional do toureio que, a pé, coloca bandarilhas no dorso do toiro e coadjuva a lide do matador; no caso português, quando prestam a sua ajuda aos cavaleiros, também são designados Peões de Brega. 

Barroso Toiro que se insere no tipo de pêlo uniforme e se caracteriza por ser castanho escuro, cor de terra. 

Berrendo Toiro que se insere nas cores mistas e se caracteriza por ter o pêlo branco com grandes manchas de outra cor. 

Bezerro Denominação do toiro de lide quando este deixa de ser mamão até atingir dois anos de idade. 

Bisco Toiro com um corno que se insere mais baixo que o outro. 

Botinero Toiro que se caracteriza por ter membros com extremidades escuras. 

Bragado Toiro com mancha de cor branca em todo o ventre. 

Bravura Capacidade que os animais possuem de lutar contra a morte. 

Brega Movimentação, provocada, do toiro. Pode ser feita pelo cavaleiro, que executa com o cavalo fugindo do toiro que o persegue. Também pode ser feita por lances de capote, a pé. É também considerada como a preparação do toiro para uma dada sorte, a cargo dos subalternos. 

Brinde Oferta do brilho da lide ou da pega a uma dada personalidade ou ao público; a lide do primeiro toiro de uma corrida é oferta ao Presidente da República, quando acaso este se encontra na assistência. 

Burriciego Termo castelhano, que define a rês com visão defeituosa. "Reaparado da vista" - termo português. Diz-se do animal com visão deficiente, que em regra tem um distância precisa para focar a visão, em função de defeito congénito que pode ser miopia, hipermetropia ou presbitismo. Ou seja, os "burriciegos" podem ter diversos defeitos. Uns vêem mal ao perto e bem ao longe, e outros vêem ao perto e mal ao longe. Outros só têm visão lateral, etc.


C 

Cabrestos Bovinos castrados e domesticados, que acompanham o gado bravo. Ajudam os campinos no maneio de campo na condução dos toiros ou na sua recolha na praça. Em Portugal, os cabrestos são em geral de raça mertolenga. 

Cabresto da Guia O que se adianta aos outros. Comanda os outros sendo cuidada a sua preparação, para obedecer às vozes dos campinos. 

Calçado Toiro que tem membros com extremidades brancas. 

Cambiar Simulação de saída para um lado, que na realidade se vai vereificar por outro. 

Campino Guardador de reses bravas; até há pouco tempo uma das mais cotadas profissões rurais. 

Capirote Toiro com a cabeça e pescoço da mesma cor e diferente do resto da pelagem. 

Capote O mais antigo dos instrumentos de tourear, com origem directa no traje de vestir do mesmo nome, de que ainda hoje como atavismo persiste a gole; é em regra confeccionado em percal engomado e apresenta duas faces sendo que a exterior é magenta e a interior amarela; diz-se de passeio o capote em seda bordada em que os toureiros se envolvem para apresentação em praça. 

Cara O mesmo que testa e cornos. 

Caraça Toiro com cor da fronte diferente do resto da cabeça. 

Careto O mesmo que Caraça. 

Cardeno Toiro que se insere nos tipos de pêlos mistos e caracteriza-se por ter uma mistura de pêlos brancos e negros ficando com uma tonalidade acinzentada variável e inconstante. 

Carocho Toiro com as pontas dos cornos quase juntas em cima. 

Casta Qualidades e características bem definidas que singularizam um dado tipo de toiro; historicamente reconhecem-se as castas Vista Hermosa, Gijona, Navarra e Vasquenha, sendo que há quem considere como casta portuguesa o que em tempos remotos foi chamado “gado da terra”. 

Castanheta Aplicação colocada no cabelo dos matadores e bandarilheiros. É um símbolo, uma lembrança dos tempos em que os toureiros deixavam crescer a trança, orgulho da sua classe que os distinguia dos demais, até à última tarde, cortando-a ritualmente na hora da despedida. 

Castanho Toiro que se insere no tipo de pêlo uniforme e se caracteriza por ser castanho cor de tabaco. 

Cavaleiro Toureiro profissional que lida gado bravo a cavalo após ter obtido a alternativa; anteriormente foi amador e cavaleiro praticante. 

Cavalo (de toiros) Equino de esmerado treino e ensino e com características físicas e temperamentais que permitem que os cavaleiros neles montados toureiem em praça. 

Chicuelina Lance de capa com origem no toureio cómico, que Manuel Jimenez “Chicuelo” popularizou nos anos 30 e que consiste num cite similar à verónica, mas em que o toureiro dá saída com a mão de fora, retirando o capote e rodando para o lado contrário à viagem do toiro, de forma a colocar-se para novo lance. 

Chorreado Toiro com listas verticais na pelagem. 

Cinquenho Denominação do toiro de lide quando este tem cinco anos. Já é considerado toiro adulto.

Circular Passe em redondo. 

Citar Chamar a atenção do toiro. 

Claro Toiro de investida franca. 

Colorau Toiro que se insere nos pêlos uniformes e se caracteriza por ser avermelhado claro/não muito escuro. 

Codilhar Defeito de alguns toureiros, que, ao deixarem o cotovelo junto ao corpo, ficam impedidos de dar amplitude aos passes. 

Cornada Ferida produzida por haste do toiro. 

Cornamenta (córnea, armação) Cornos dos toiros com as suas particularidades. O corno, propriamente dito, divide-se em cepa (base), pala (zona intermédia) e piton (extremidade). 

Cornipasso Toiros com os cornos com as pontas para os lados. 

Cornos acaramelados Com a cor do açúcar, mais ou menos torrado. 

Corrida Festa táurica em que se lidam toiros. 

Cortesias Reminiscência dos tempos em que os fidalgos toureiros e as suas gentes cumprimentavam a corte e o público. Obedecem a regras definidas, que passam por romperem praça os forcados, seguidos dos toureiros a pé e pessoal menor de praça e campinos, entrando por fim os cavaleiros, que em ares de escola circulam em quadrantes pela arena, saudando o público. Mas corridas de toiros designadas por corrida à antiga portuguesa vêm também à arena os charameleiros, os pajens, os estribeiros, os porta-estandartes e os coches com gente de libré e postilhão, em cujo interior se fazem transportar os cavaleiros; vem também à arena a mula das farpas, assim chamada por carregar os caixotões que as transportam, conduzida por forcados de chapeirão, que consentem que o animal esteja em praça o mínimo tempo possível, considerando que é um animal indigno. Omnipresente na arena, montado em vistoso corcel, o neto recebe as ordens da direcção, que transmite à comitiva, as chaves dos curros (que deveriam estar simbolicamente encerrados para obstar a manifestações fraudulentas) e procede ao despejo de praça, funções, em suma, equivalentes às que ainda hoje desempenham em Espanha os “alguazis”. Resumindo, podem definir-se as cortesias como o desfile de todos os intervenientes no espectáculo, formando em frente à Presidência, em filas paralelas, deixando dois corredores em cruz, por onde os cavaleiros executam as "cortesias", fazendo deslizar os cavalos pelos "quartos" e cumprimentando o publico, trocando entre si as posições relativas e, no final, abandonando a arena, fazendo recuar os cavalos. 

Crinalvo Cavalo de crinas brancas. 

Curro Lugar onde se guardam os touros. Pode também referir-se ao conjunto de toiros destinados a lide em determinada corrida. 

D


Delantal
 Lance de capote, em que o engano é levantado à altura do peito, lembrando um avental, ao mesmo tempo que o toureiro embarca a viagem do toiro. 

Derechazo Passe de muleta dado com a mão direita, em que o toureiro empunha ao mesmo tempo muleta e estoque. 

Derrote Quando o toiro levanta a cabeça de má maneira, pontenado com intenção de colher. 

Descabello É o estoque que se utiliza para matar os toiros feridos de morte. 

Desenrolar Acção de aquecimento para provocar descontracção do cavalo e diminuir o risco de lesão. 

Desplante Adorno ou gesto de alarde e valor, admissível quando o toureiro já lidou efectivamente o toiro. 

Diamante A extremidade do piton. 

Diamantinina Passe de muleta de invenção de Diamantino Vizeu. 

Diestro O mesmo que toureiro a pé ou espada. 

Divisa Cor ou cores da ganadaria. Fitas coloridas que, colocadas no morrilho dos toiros, identificam a ganadaria. 

Doblazo Passe de início (ou fim) de faena em que o toureiro com a muleta em baixo pretende dobrar e castigar o toiro. 

Dobrar Acção do toiro que se deita na arena depois de ter recebido a estocada. 

Dosantina Passe de muleta criado por Manuel dos Santos, que consiste em citar como para um derechazo, em que o toureiro roda na investida do toiro o mesmo sobre a cintura e o faz passar pelas costas por alto.


E
Embebido
 Toiro que investe de maneira nobre e codiciosa ao engano, sem ver outra coisa. 

Embolação Consiste no envolvimento dos instrumentos de defesa do toiro, os cornos, por fundas rígidas de coiro, as embolas, com vista à protecção de cavalos e forcados. O termo deriva das antigas bolas de metal que se enroscavam no piton, como ainda hoje acontece com os cabrestos. 

Embola ou Bola Protecção de couro, reforçada por casquilhos em ferro, que é enfiada nos cornos dos toiros que irão ser toureados a cavalo e pegados pelos forcados. 

Emendar-se Quando o toureiro a pé consente que o toiro mande na viagem e se vê obrigado a corrigir a sua posição. 

Em pontas Termo que se utiliza para descrever um touro com os cornos intactos. 

Engano Atavio de tourear; capote ou muleta. 

Enjaulamento Acto de meter os toiros de um dado curro nas caixas de transporte (jaulas) que os levam à praça. 

Ensabanado Toiro que se insere no tipo de pêlo uniforme e se caracteriza por ser totalmente branco. 

Entrepelado Toiro que se insere nos tipos de pêlos mistos e se caracteriza por ser uma sub-divisão do Cardeno que tenha predominância de pêlos escuros. 

Eral Denominação do toiro de lide quando este tem dois anos de idade. É considerado Garraio. 

Espada Pode ser o mesmo que estoque, utensílio utilizado pelo matador para dar a estocada final no touro, ou a designação genérica do toureiro que a usa, seja ele matador ou novilheiro. 

Espantada Dizia Rafael “El Gallo” que também era uma sorte do toureiro, e traduz-se no medo súbito que invade o toureiro e o faz fugir desesperadamente em busca de refúgio em tábuas. 

Espontâneo Aficionado prático, que, à margem da ordem e lei, salta à arena , querendo tourear e evidenciar-se no toiro do matador de turno, sem que o público esteja disso avisado, sequer o toureiro que se encontra a lidar. 

Espora Utensílio de metal que se adapta ao calçado do cavaleiro e que, picando o animal, faz com que ele ande ou acelere o movimento. 

Estatuário Passe por alto, com o toureiro de pés juntos e movendo o mínimo a figura. Com a ajuda do estoque este passo pode ser chamado de ajudado, e quando é dado por alto, mandando muito e carregando em exagero a sorte, pode também ser designado por “passe do celeste império”. 

Estardalho Animal velho. 

Estilo Relacionado com as investidas do toiro, que só terá "estilo" se investir a galope e com determinação. Se humilhar e não chegar ao vulto com a cabeça no ar e sem escabecear, ou seja, não chegar ao vulto a dar à cabeça. 

Estocada Acto de enterrar o estoque, com vista a rematá-lo na cruz do toiro. 

Estoque Instrumento que o toureiro usa para matar e que consiste em lâmina de aço triangular, com 75cm de comprimento, rematada por empunhadura com bola. 

Estribo Peça de metal, madeira ou coiro em que o cavaleiro apoia o pé. 

F

Faena
 Conjunto de passes dados com a muleta, de forma ligada, homogénea e coerente, com vista a lidar o toiro e a prepará-lo para a sorte suprema. O mesmo que faina. Em resumo, é todo o trabalho feito pelo matador com a muleta ou pelo cavaleiro. 

Farol Lance dado pelo capote por alto, rodando este sobre a cabeça do toureiro, enquanto gira o corpo em sentido contrário à viagem do toiro. 

Farpa Instrumento que consiste num pau cilíndrico enfeitado com papel franjado, com cerca de 1,45m de comprimento, e que a cerca de 30cm do arpão tem uma zona frágil que se destina a partir, quando o ferro fica no toiro. 

Festival Espectáculo taurino em geral de carácter beneficente, em que os toureiros costumam actuar graciosamente trajando de curto, lidando gado oferecido. 

Ferro Comprido O mesmo que Farpa. 

Ferro Curto O mesmo que Bandarilha. 

Flanela Tecido de que são confeccionadas as muletas, e que por tal razão também designa tal atavio. 

Fiereza Diz-se de um toiro que é feroz. 

Forcado Instrumento de lavoura em forma de forca, que está na origem da designação “moço de forcado” atribuída aos que em praça com tal instrumento se apresentam, com que hoje se conhece quem na arena executa as pegas. Correntemente, quando em termos taurinos falamos de forcados, é sabido que nos referimos aos elementos de um grupo de pegadores. 

Fusco Toiro ou cavalo de pêlo escuro.


G

Gaiolo
 Toiro com as hastes em meia-lua, próximas nas pontas. 

Galeios Movimentos ziguezagueantes feitos em frente ao toiro para que, sendo este obrigado a mudar de mão na passada, consinta o ir sendo toureado em velocidade moderada numa determinada direcção. 

Ganadaria Conjunto de reses bravas pertencentes a um mesmo proprietário, com ferro e divisa própria. Em termos práticos, está para os toiros como a Coudelaria está para os cavalos. 

Gaonera Lance de capote de costado por detrás, muito praticado por “Paquiro”, e que em tempos modernos Rodolfo Gaona popularizou, razão porque com o seu nome agora se designa. 

Garraio Denominação do toiro de lide até aos três anos de idade. 

Garrocha O mesmo que vara (de campino) ou pampilho. 

Gazapear Investida incerta do toiro, em regra ensarilhando e movendo-se aos ziguezagues. 

Gravito ou Cornialto Toiro com os cornos ao alto. 

H

Hastigordo
 Toiro que se caracteriza por ter hastes grossas desde a sua base. 

Hechuras Toiro bem feito, de presença agradável. 

I

Idade
 Número de anos com que os toiros são corridos, sendo certo que se não pode considerar adulto um toiro que não tenha os quatro anos feitos. Também se costumam referenciar as idades dos toiros em “ervas”, atendendo às Primaveras que já viveu. 

Igualar Quadrar o toiro para a morte. 

Indulto Momento em que se salva a vida a um toiro, quando ele mostra bravura durante todos os tércios da lide regressando triunfalmente ao campo para ocupar o lugar de semental na ganadaria. 

Inteligente Designação que a gíria atribui aos delegados técnicos tauromáquicos, vulgo directores de corrida, que a Inspecção-Geral dos Espectáculos nomeia para que presidam às corridas. 

J

Jabonero
 Diz-se do toiro de cor branca amarelenta. 

Jamelgo Cavalo esfomeado e mal feito, o mesmo que penco. 

Jifa Desperdício das mazelas da lide que se retira no matadouro ao esquartejar as reses. 

Jirón Toiro que se insere nos tipos de cores mistas e se caracteriza por ser de cor uniforme com uma mancha branca no corpo. 

Jogo de Cabrestos Bois, em número de sete, que nas praças auxiliam nas recolhas do gado bravo e que são necessários quando das "Pegas de Cernelha" para encabrestarem os toiros. 

L

Lance
 Sorte executada com o capote. 

Larga Lance executado com o capote a uma mão, hoje somente se vê praticar a larga cordobesa e a larga afarolada. 

Lasermina Passe de adorno, também chamado “giraldina”, que Vitoriano de la Serna executou com brilho especial, vindo-lhe daí o nome. 

Lide Conjunto de actos que se praticam com o toiro bravo, a cavalo ou a pé, com vista a praticar o seu toureio. 

Linha Origem das castas. As ganadarias de maior prestígio são provenientes das antigas castas "Vista Hermosa" e "Vasquenha", com sub-variedades regionais: castelhana, andaluza, navarra, etc. e com as mais diversas ramificações. 

Listão Diz-se do toiro que apresenta uma lista no dorso, no sentido do comprimento, de cor diferente da sua cor dominante. 

Lombardo Toiro negro e com o dorso castanho. 

Lote Toiros que correspondem a cada um dos lidadores. 

Luzeiro Toiro que apresenta uma mancha branca no frontal.


M

Machear
 Quando na vacada o número de nascimentos machos é declaradamente maior. 

Mamão Denominação do toiro de lide enquanto ainda está dependente do leite materno para sobreviver. Pode ir até um ano de idade. 

Manada Conjunto de gado da mesma espécie. 

Mandar Exercer domínio sobre a viagem do toiro. 

Manoletina Passe de adorno, que, apesar de muito antigo, Manolete amplamente praticou, e que consiste em segurar a muleta com a mão esquerda pelas costas e a mão direita na posição natural, citando por alto, aproveitando a viagem do toiro. 

Mariposa Sorte com o capote, que muito praticou Marcial Lalanda, em que, com o capote atrás das costas, o toureiro cita e faz passar o toito, ora por um lado ora por outro. 

Matador Toureiro com alternativa profissional. É aquele, que no fim da tourada, mata o touro com uma espada. 

Meano Toiro que tem pêlo branco na zona genital. 

Melado O mesmo que amarelado (pelagem). 

Moço de espadas Auxiliar importantíssimo que trata da gestão, trajes e atavios do matador de toiros e que o ajuda, quer a vestir quer na praça. 

Mogão Toiro com os cornos sem pontas. 

Molinete Passe de muleta de adorno, em que o diestro roda a flanela sobre si mesmo, quando o toiro já iniciou a sua jurisdição. 

Montera Atavio protector da cabeça dos toureiros, em regra confeccionado em passamanaria e “terciopelo”. 

Monha Adorno de fitas, que em tempos antigos se oferecia a toureiros e forcados como troféu. 

Morrilho Parte superior do pescoço dos toiros. 

Muleta Utensílio que o matador utiliza para dominar o toiro no último tércio. É um pano de flanela vermelha posto numa vara, que é utilizado pelo toureiro para fazer a faena. 

N

Natural
 Passe essencial do toureio de muleta, em que o matador toureia com a mão esquerda, sem que a flanela seja apoiada no estoque. 

Navarra Lance de capote em que, o toureiro cita como para a Verónica, mas em que em vez de dar saída ao toiro, roda sobre si próprio para se colocar para novo lance, no sentido contrário ao da investida do toiro. 

Neto Representante da autoridade, que, montado a cavalo e trajando ao uso filipino, toma lugar na arena até ao despejo de praça, nas corridas à antiga portuguesa. 

Novilhada É igual à tourada, mas em que os touros que nela participam têm 3 anos (novilhos). Corrida em que se lidam novilhos. 

Novilheiro Toureiro principiante que só mata novilhos, por ainda não ter acedido à alternativa que o credencia como matador de toiros. 

Novilho Rés brava bovina de dois ou três anos; o mesmo que almalho. Há quem o considere quando este tem entre três e quatro anos de idade. 

O

Ojalado 
Diz-se do toiro que tem à volta dos olhos pêlo mais claro que o da cabeça. 

Olhizarco Toiro com um olho de cada cor. 

Olho de Perdiz Toiro que se caracteriza por ter pêlo vermelho em volta dos olhos. 

Orticina Lance de capote criado por Pepe Ortiz. 

Ovação Tributo sonoro em palmas ruidosas que o público dispensa aos toiros ou toureiros. 

P

Paleto
 Toiro com os cornos exageradamente separados, quase rectos para os lados. 

Papagaio Empregado da praça que se encarrega de abrir as portas da trincheira por onde entram e saem os cavaleiros. 

Parón Verónica dada com os pés juntos. 

Passe Sorte executada com a muleta. 

Passeio Acto de apresentação dos toureiros, em praça, atravessando a arena, em que os toureiros precedidos pelo aguazil, desfilam até à trincheira do lado oposto à porta de quadrilhas. 

Passe de peito Passe de remate com a muleta por alto a varrer os lombos, que assim se designa pela proximidade da passagem dos cornos do toiro por tal zona anatómica do toureio. 

Pastueño Toiro que é vagaroso, lento. 

Pátio das Quadrilhas Local da praça de toiros onde todos os intervenientes aguardam o início do espectáculo. 

Pau de armar Troço de madeira com 50cm, que serve para armar a muleta, e que tem numa ponta um espigão e na outra um parafuso dito de “camarão”. 

Peão de Brega Bandarilheiro que coadjuva as lides a cavalo, bregando os toiros sempre que necessário. 

Pega Acto de dominar um toiro à unha, genuinamente nacional, que se realiza no fim da lide equestre, unicamente à força de braços. Podem-se pegar os toiros de caras, de cernelha (ou à volta), ao sopé, ou de costas, tendo de todo caído em desuso as pegas de cadeira (que José Luís Coragem, tal como as de costas, muito executou). 

Pegajoso Toiro que procura o vulto. 

Pegulhal O mesmo que rebanho. 

Pelagem (ou pinta) Cor do pêlo dos toiros, que pode ser simples ou composta. 

Pêndulo Adorno em que o matador, posicionado a três quartos frente ao toiro, balança a muleta por detrás das costas, ora de um lado ora do outro, tal qual o movimento do pêndulo de um relógio de caixa. Manuel dos Santos celebrizou no seu tempo este adorno. 

Peso Quilos acusados na balança pelo gao de lide, que obedece a mínimos regulamentares, em função das praças e do tipo de espectáculo. 

Picador Toureiro a cavalo que tem por função picar os toiros com uma “puya” no 1ª terço da corrida, praticando a denominada sorte de varas. 

Pitón Zona terminal pontiaguda do corno do toiro. 

Poder a poder É uma sorte de caras, em que o cavaleiro e o toiro, estando ambos encostados às tábuas, diametralmente opostos, saem ao encontro um do outro, para reunir no centro da arena. 

Praça (de toiros) Tauródromo em que se realizam as corridas de toiros.


Q

Quadrilha
 Conjunto de bandarilheiros, picadores e moço de espadas, que actua às ordens do cabeça de cartaz. 

Quatrenho Um toiro de quatro anos. Já é considerado toiro adulto. 

Querença Local viciosamente eleito pelo toiro numa dada zona da praça, por aí se julgar mais protegido. Se tal acontece na porta de chiqueiros, designa-se a querença por natural. 

Quiebro O mesmo que câmbio. 

Quite (do espanhol “quitar”, tirar) Conjunto de lances para tirar o toiro de um dado local. Hoje também assim se designam os conjuntos de lances com o mesmo desenho. 

R

Rabisaco
 Corte, em forma de lança na parte de cima da orelha, constituindo um elemento de identificação. 

Raiado Toiro que se caracteriza por ter em forma de raio, manchas de outra cor ou variantes da mesma cor da pelagem. 

Recorrido Denomina-se assim, a distância que percorre o toiro ao perseguir o capote ou a muleta. Assim, em consequência, diz-se que um toiro pode ter "recorrido" longo, médio ou curto, segundo a sua investida atrás do engano. 

Recorte Acto de burlar de forma inesperada a investida do toiro, quer a cavalo, quer a corpo limpo, quer com os enganos, o que muitos conseguem fazer com arte. 

Redondo Passe de muleta, em que o toureiro não dá saída ao toiro e o embebe na muleta prolongando a viagem até o obrigar a descrever um semicírculo, ou um círculo completo. 

Remendado Toiro que tem manchas de outra cor como se fossem remendos. 

Reservado Toiro que pensa e prova antes de investir. 

Retinto Toiro que se insere nos tipos de cores mistas e se caracteriza por ser castanho com o pescoço e os membros mais escuros, quase negros. Também se usa a expressão espanhola "Albardado" por a distribuição de cor se assemelhar à forma de uma albarda. 

Revolera Lance vistoso de remate, em que o toureiro solta o capote da mão do lado de entrada do toiro e o gira pelas costas de moda a que o possa vir a agarrar com a mão que inicialmente o largou. 

Rojoneio Toureio a cavalo ao uso de Espanha. 


S

Salinero
 Toiro que se insere nos tipos de pêlos mistos e se caracteriza por ter uma mistura de pêlo colorau com pêlo branco. 

Salpicado Toiro que se insere nos tipos de pêlos mistos e se caracteriza por ser Cardeno com manchas brancas irregulares, tanto grandes como pequenas. 

Sardo Toiro que se insere nos tipos de pêlos mistos e se caracteriza por ter uma mistura de pêlos brancos, negros e vermelhos e/ou ter pequenas manchas irregulares destas mesmas cores. 

Sartenazo Estucada defeituosa, colocada muito baixa, geralmente no costado. 

Sentido Instinto do toiro, que o leva a distinguir o atavio de tourear do toureiro. 

Serpentina Lance que começa com larga afarolada, continuada por movimento rotatório do capote em torno do corpo do toureiro. 

Sesgo Sorte em que o cavaleiro, o bandarilheiro ou o forcado, e o toiro, estão ao correr das tábuas, enviesados em relação a estas. 

Sobrero Toiro de reserva, para substituição de algum que se tenha inutilizado. 

Sorte O que o toureiro faz no sentido genérico peranto o toiro, o que assume nomenclatura diversa, consoante o tércio da lide em que se insere. Pode entender-se também, em termos equestres, como o desenrolar da acção que levará o cavaleiro a cravar o ferro comprido e/ou bandarilhas. A "sorte" só terá valor se o cavaleiro "mandar". Para tal, o cavaleiro terá que trazer o toiro toureado, citar, aguentar, carregar a sorte, conseguir e reunir. 

Sortes a cavalo Podem ser actualmente várias as sortes executadas a cavalo, que têm o agrado dos públicos – à tira, de frente, à meia volta, a sesgo, à garupa (em desuso), cambiada, ao pitón contrário, de violino e a duas mãos. Em qualquer caso é bom e valoriza o que o cavaleiro faz, se citar. Der prioridade à investida do toiro, fizer a viagem com a maior lentidão possível, reunir ao estribo, cravar de alto a baixo no alto do morrilho e rematar a sorte rodando para o pitón de dentro.

Sorte de varas Acto de picar o toiro, essencial ao bom toureio a pé, com vista a descongestionar o toiro e a ajustar a medida da sua investida. 

Sorteio Acto de lotear um curro de toiros e distribuir (por sorteio) os lotes pelos toureiros de turno. 

Sujeitar Acção de entreter o toiro, com o capote ou com a voz, para evitar que invista a outro local da praça.


T

Taurocenta
 Aquele que antigamente toureava a cavalo. 

Taurocólico Ácido que se encontra na biles do toiro. 

Tauróctono Aquele que mata o toiro. 

Tauródromo Praça de toiros, redondel. 

Tauromáquico Relativo à função tauromáquica. 

Templar Acomodar o engado à investida do toiro sem que este lhe toque. 

Tenta Manobra ganadeira fundamental, em que se testam as qualidades das vacas que constituirão o património genético futuro da ganadaria. 

Terrenos Fundamentalmente, tábuas, tércios e médios, em função da divisão concêntrica da arena. Também em função da posição do toureiro na arena, se consideram para o lado de tábuas os terrenos de dentro e para o lado dos médios os terrenos de fora. 

Tipo São as linhas morfológicas e de atitude que definem uma ganadaria. Um toiro em tipo é aquele que representa bem as opções do ganadeiro para a personalização dos seus animais, através das escolhas que faz em tenta de vacas e escolha dos sementais. Há tantos tipos quanto ganadarias e concebe-se como um conceito variável conforme as características que revelam: altos, baixos, largos, curtos, proporcionados, etc.. 

Toiro Bovino de raça brava do sexo masculino e com quatro anos cumpridos. 

Toiro de lide Toiro cujo destino é demonstrar a sua Bravura dentro de uma praça de toiros. É o elemento base da festa. 

Tourada Designação comum da corrida de toiros em Portugal, cujo cartel inclui cavaleiros e forcados. 

Tourada à corda Tauromaquia popular que se desenvolve no Norte do País e nos Açores em que um toiro, com cordas atadas aos cornos seguras por populares (ou pastores), é conduzido pelas ruas das povoações, dando azo a peripécias várias e à exibição de arremedadas sortes toureiras. 

Toureio Arte de burlar os toiros, que se pode praticar a cavalo ou a pé. 

Traje de luzes Traje dos toureiros a pé, que se mantém mais ou menos estável, desde que Francisco Montes “Paquiro” ditou regras sobre o que os toureiros deviam vestir. 

Trapio Conceito subjectivo que diz respeito à beleza e ar feroz do toiro. Termo espanhol utilizado para descrever um toiro que impõe respeito, independentemente do seu tamanho. O trapio depende de ganadaria para ganadaria e não é uma condição exacta. Resumindo: toiro com excelente apresentação. 

Trastear Dar passes pouco definidos mas com mando, com a muleta. 

Tratante Pessoa que se encarrega de comprar e vender o gado bravo. 

Tunante Toiro de más intenções. 

U

Utrero
 Animal que tem entre 3 e 4 anos de idade, sem chegar a cumpri-los. Denominação do toiro de lide quando este tem três anos de idade. É considerado Novilho. 


V

Vazia
 Vaca reprodutora que não foi coberta. 

Vencer Tendência que as reses bravas têm de investir mais e melhor para um lado que por outro; diz-se que vence pela esquerda ou pela direita, consoante o lado por que melhor investe. 

Verónica Lance básico que os toureiros podem executar com o capote, e que deve o seu nome à forma como Verónica pegou na toalha com que limpou o rosto a Cristo, que se equivale à forma como o lidador deve segurar o capote ao aguardar o embarque do toiro. 

Vestir Ritual a que obedece o trajar dos toureiros, com certa dificuldade, dada a rigidez dos fatos de tourear, o que obriga a método e a ajuda por parte do moço de espadas. 

Z

Zaino
 Toiro negro de pêlo sem brilho. 

Zurdo Toiro com um corno mais pequeno do que o outro.