Cronica da ultima do Campo Pequeno.

Decorreu na passada quinta-feira no Campo Pequeno a corrida de Gala Antiga Portuguesa, sendo também a última de abono e a última da temporada levada a cabo pela empresa do Campo Pequeno. O cartel era composto pelos cavaleiros João Moura, na temporada em que comemora 35 anos de alternativa, Joaquim Bastinhas em ano de comemoração dos 30 anos enquanto profissional do toureio, Rui Salvador, Vítor Ribeiro, Marcos Bastinhas e o amador Jacobo Botero. Pegaram os Amadores de Santarém e Montemor. Embora anunciados 6 toiros Fernandes Castro, saíram à arena lisboeta 3 Fernandes Castro e 3 Passanha devido a percalços ocorridos no enjaulamento.
A corrida foi transmitida pela RTP1 mas mesmo assim a aficion preencheu 3/4 fortes de casa.
Abriu a noite João Moura e teve pela frente um preto Fernandes Castro de 544kg, bem apresentado, a cumprir mas a não partir voluntarioso para o ferro. O cavaleiro deixou de forma correcta a ferragem comprida. Nos curtos deixou ambiente. O primeiro foi com um cite de praça a praça, batida ao piton, boa reunião e um remate ligado ao toiro. Andou a seu estilo apostando maioritariariamente nas batidas ao piton contrário. Falhou a colocação do último curto, mas depois a emendar-se.
Joaquim Bastinhas enfrentou o Fernandes Castro mais pesado, de 608kg, alto de agulhas, murrilho desenvolvido e com mobilidade. Nos compridos andou bem, deixando-os à tira. Nos curtos foi fiel ao seu estilo, alegre e ligado ao público. Deixou o terceiro curto de violino, de seguida um palmito (que ficou à segunda) e terminou, como é habitual, a bandarilhar a duas mãos. No fim apeou-se e aficion aplaudiu.
Rui Salvador lidou o último Fernandes Castro da noite com 566kg, montado, mas a ficar-se nas reuniões, e no final a descair para tábuas. O cavaleiro andou ligado ao oponente, desenhando bem as sortes. Citou de frente e deixou de forma correcta a ferragem da ordem. Nos curtos, destaque para o segundo da noite. Rui Salvador pisou terrenos de compromisso e conseguiu uma prestação com muita seriedade, ainda assim foi o único cavaleiro que não ouviu música.
A levar uma boa temporada, saiu à arena lisboeta Vítor Ribeiro. Anda bem montado e com ganas. Teve pela frente um Passanha com 556kg, volumoso e corpulento, não 'repirava' bravura mas foi o que melhor cumpriu, e para mim o melhor da noite. O cavaleiro andou bem nos compridos, com bonitas e bem desenhadas sortes à tira. Foi, para mim, a lide da noite. Nos curtos fez a aficion levantar-se. Destaque para o segundo curto com um bonito cite de praça a praça, entrando nos terrenos do toiro e a reunir bem, a proeza a repetir-se.
O Passanha que Marcos Bastinhas enfrentou acusou 596kg que cumpriu. Deixou a ferragem comprida à tira. Nos compridos, desenhou bem as sorte, mas a reunião a não resultar perfeita. Na brega ladeou o Passanha e andou ligado ao público. Adornou-se, deixou dois palmos de seguida, mas a fazer as coisas com demasiada pressa. Terminou com um bom par de bandarilhas.
Fechou a noite o columbiano Jacobo Botero que anda a causar sensação. Recebeu à porta gaiola o Passanha de 602kg, que não criou dificuldades de maior, embora tivesse uma investida incerta. Andou bem nos compridos. Empolgado, nos curtos, andou ligado ao público e ao oponente. Deixou a ferragem com emoção, citou de terra a terra, reuniu de forma ortodoxa e rematou. As sortes foram bem desenhadas, e o público gostou. Terminou com um palmito muito aplaudido.
No que toca às pegas foram caras por Santarém: João Brito que efectivou à primeira uma pega à córnea, João Gois consumou à terceira e João Torres Vaz Freire que consumou à segunda depois de na primeira bater de forma violenta em tábuas e quase sair de maca para a enfermaria da praça. Por Montemor pegou: António Vacas de Carvalho, actual cabo, à quarta, Francisco Borges à segunda na pega da noite e João Romão Tavares à primeira.

Lisa Valadares Silva