Acabou, é verdade! Mas acabou em bem. Até para o ano, Campo Pequeno...

 Passado quase um mês desde a última corrida, os toiros voltaram à arena Lisboeta. Última corrida de abono, corrida de Gala Antiga à Portuguesa, confirmação de alternativa do cavaleiro Tomás Pinto, entrega do Galardão Prestígio 2013 ao ganadero Mário Vinhas e ainda deu para descerrar uma placa comemorativa das bodas de diamante do grupo de forcados amadores de Montemor.

O curro de Mário e Herdeiros de Manuel Vinhas, no geral cumpriu. Heterogéneo de apresentação e comportamento.

Tomás Pinto abriu a noite com um toiro de pouco pescoço mas que foi nobre, ainda assim transmitia pouco. Trazia muita vontade, tal ficou bem claro quando decidiu receber em sorte gaiola que, infelizmente, não passou de uma tentativa. A colocação da ferragem não primou pela regularidade. Entre algumas perseguições à montada mais emocionantes conseguiu ‘sacar’ ovações.

Joaquim Bastinhas lidou o segundo. Bom toiro que cumpriu e de pronta investida, fazendo valer a presença, no fim, do ganadero na arena. O experiente cavaleiro arrimou-se frente à boa matéria-prima que lhe calhou em sorte. Igual a si próprio e com momentos de grande qualidade. Entre o habitual ‘vou ou não me vou embora’, palmito, par da bandarilhas e a sua fácil ligação ao público, deixou curtos de grande correcção. Um grande olé! para Joaquim Bastinhas. É garantido que enquanto por cá andar, ‘festa’ não faltará...

António Ribeiro Telles toureou em terceiro lugar. Inspiração não faltou nos compridos que cravou. Nos curtos, nem tudo correu de feição. O toiro ‘perdeu’ mão a meio da lide e foi ‘declarado’ que não havia condições para prosseguir com ‘faena’. Intrigante é o facto do exemplar não ter condições para a lide, aos olhos do director de corrida, mas estar em ‘bom estado’ para ser pegado. Da lide do cavaleiro da Torrinha ficam dois curtos de luxo. Com maior destaque para o segundo, daqueles que é raro ver por aí, daqueles que vale a pena ver e rever, daqueles ao estribo e de alto a baixo, tudo bem feito.

Após o intervalo veio Vítor Ribeiro. Queria ter visto mais e melhor, mas assim não aconteceu.
O toiro ‘sabia-a toda’! Tinha manhas. Até há quem diga por aí que foi ‘mexido’ antes de sair à arena. Adiantava-se nas reuniões e o cavaleiro consentiu vários toques na montada. No início da lide a montada foi colhida de forma violenta. Cravou a ferragem como conseguiu.

Gilberto Filipe parece estar em ano de afirmação. Pela segunda vez no Campo Pequeno e com o mais pesado da noite por diante levou a cabo uma lide correcta, ligada e ritmada. Fruto de uma distracção consentiu um toque na montada. O cavaleiro deu importância a tudo, ou quase tudo. Sortes bem desenhadas, remates essenciais, ligação ao público e ao oponente, adornos que são do interesse das bancadas... Bons momentos e bom sentido de lide! Deixou grande ambiente.

Fechou a noite Miguel Moura. O jovem cavaleiro lidou um Vinhas que cumpriu. Miguel mostrou desembaraço. Apostou nas batidas ao piton contrário e adornou-se nos remates. 
Levou a cabo uma lide dentro do seu estilo, com emoção. Foi regular na colocação da ferragem. O público aplaudiu o mais novo da dinastia Moura. 

No que toca às pegas, estiveram a cargo dos Amadores de Santarém e Montemor.

Por Santarém pegou António Grave de Jesus que consumou à primeira tentativa, Lourenço Ribeiro à quarta e Ruben Giovetti ao terceiro intento e a sesgo, depois de duas duras tentativas desfeitas.

Por Montemor, o cabo António Vacas de Carvalho foi à cara do primeiro e efectivou à primeira tentativa, João Braga encheu a cara ao toiro e fechou-se muito bem consumando ao primeiro intento e Filipe Mendes efectivou igualmente à primeira.

Dirigiu a corrida o Sr. Agostinho Borges.

Acabou, é verdade! Mas acabou em bem. Até para o ano, Campo Pequeno...

Lisa Valadares Silva