Crónica de Alter do Chão.
Dia da Liberdade, dia de
ir aos toiros. Pelo menos, assim foi este ano: fomos aos toiros a Alter do
Chão, vila pacata no Alentejo onde toiros e cavalos são tradição enraizada.
Com um boa moldura humana,
Alter recebeu três cavaleiros, um matador, seis toiros Palha,um Canas Vigouroux
e dois grupos de forcados.
Na generalidade, os Palha
saíram bem apresentados, com trapio e rematados de carnes. Na sua maioria,
vieram de mais a menos, “racharam”. O Canas foi colaborante.
Abriu a tarde António
Ribeiro Telles que enfrentou um Palha que investia sem nobreza.
Deixou três compridos de
forma correcta. Nos curtos andou ao seu estilo: cite frontal, cravou de alto a
baixo, ao estribo e rematou rodando o piton. Fez por não se desligar do
público. O segundo curto foi deixado em terrenos de dentro, o toiro já
dificilmente saia de tábuas. No quinto da tarde, deixou a ferragem comprida da
ordem. Destaque para a brega de excelência e para o terceiro curto. Bordou
toureio! Ligou-se ao público e ao oponente, este que, tal como o primeiro,
tinha arrancadas intempestivas e com maldade.
Vítor Ribeiro foi com
ganas a Alter. No primeiro que lidou destaco a brega. Parou de saída o toiro ao
centro. De nota alta foram o segundo e ultimo curtos. Com o toiro a descair
para tábuas foi difícil sacá-lo de lá. Ladeou no remate das sortes. No sexto,
deixou dois compridos à tira. Diversificou as sortes entre tiras e batidas ao
piton contrário, dando mais enfase às batidas. Nos compridos andou toureiro e
com entrega. Fez por seguir as regras, mas alguns ferros foram deixados para lá
das cilhas. Terminou com um palmito e Alter aplaudiu.
João Salgueiro da Costa no
terceiro da tarde andou irregular. Deixou dois compridos da ordem. Apostou nas
batidas ao piton contrario, mas os ferros resultaram, na sua maioria descaídos,
apenas dois ficaram en su sitio. Na lide do sétimo, emendou-se. A emoção chegou
às bancadas. Na ferragem comprida destaco o primeiro ferro. Nos curtos, citou
de praça a praça, bateu ao piton contrário, cravou e rematou com piruetas na
cara do oponente. As sortes de praça a praça resultaram bonitas e Alter
rendeu-se.
“Parrita” lidou em
terceiro lugar e teve por diante um Canas Vigouroux colaborante. Toureoude
capote por verónicas, depois por chicuelinas. Bandarilhou Fábio Machado que
teve algumas dificuldades em deixar de forma correcta a ferragem, mas o
terceiro par resultou bem. “Parrita” manteve uma distância demasiado grande do
toiro. De muleta diversificou os passes, viu-se naturais, derechazos, pase de
pecho, entre outros. A “jogar” em casa, Alter aplaudiu a entrega.
No que toca à forcadagem,
por Montemor pegou: João Pedro Tavares, João Braga e NoelCardoso à primeira
tentativa. Valorosas pegas, com destaque para a concretizada por intermédio de
Noel Cardoso.
Pelos da casa, pelos
Amadores de Alter foram caras: Diogo Bilé que consumou à primeira, Gonçalo
Afonso concretizou à segunda um “pegão”. Encerrou a tarde a parelha de
cernelheiros Jorge Nagy e Elias Santos que tardaram a entrar, resultando muito
morosa a pega consumada após várias tentativas.
Em disputa estavam os
troféus D. José de Athayde para melhor lide a cavalo, entregue a Salgueiro da
Costa pela lide o último toiro, e o 10º Prémio Luís Saramago recebido por Noel
Cardoso.
Dirigiu com acerto a
corrida o Sr. Agostinho Borges.
Lisa Valadares.