Concurso de Pegas - Os de Beja são 'bi-campeões'

Um cartel jovem, um concurso de pegas e uma ganadaria com provas dadas foram os ‘ingredientes’ da passada quinta-feira em Lisboa. Manuel Ribeiro Telles, Duarte Pinto e Miguel Moura; Grupo de Forcados Amadores de Cascais, Monforte e Beja; seis Canas Vigouroux.
Antes de mais, uma ressalva: meia casa foi o que se registou, infelizmente. Muitas vezes ouve-se e diz-se que os cartéis são sempre os mesmos, que não são dadas oportunidades suficientes aos mais novos para romperem, mas ontem no Campo Pequeno o cartel era de jovens e todos eles promessas do toureio a cavalo. E o que aconteceu? Os ´queixosos’, aqueles que argumentam que não há cartéis diferentes, ficaram no sofá. Preencheu-se só meia casa. Uma salva de palmas para a empresa por montar um cartel assim. Pena que a aficion não tenha correspondido. Mas depois não se queixem…
No geral, os Canas saíram abaixo das expectativas. Mas como se diz, ‘cumpriram’. Uns melhor que outros, mas sem qualidades de maior.
Abriu a noite Manuel Telles Bastos que deixou três compridos, na série de curtos destaco dois deixados ‘debaixo do braço’, como é seu apanágio. Respirou-se classe e torería. Não descurou do que também é importante: a e brega e o remate. Mas esperava-se mais de Telles Bastos. No segundo, que acusou 483kg, cravou à porta gaiola. Não teve tarefa fácil, ainda assim há um curto que fica na memória. A Manuel julgo ter-lhe faltado algum ‘tempero’ nesta noite para que tudo resultasse um pouco mais ‘saboroso’.
Seguiu-se Duarte Pinto que teve duas lides distintas. A primeira de melhor qualidade. Teve por diante um de 544kg e perante o qual esteve muito bem. Uma lide de competência. Fez com calma, fez bem feito. Num ‘tom’ clássico aproveitou as qualidades do Canas e a emoção chegou às bancadas. Duarte Pinto voltou a pisar a arena para lidar o sobrero em último lugar, o seu quinto saiu com problemas de locomoção e foi recolhido, mudando a ordem de lide. Frente ao sobrero de 480kg levou a cabo uma lide intermitente. Passagens em falso e um ‘aperto’ em tábuas contrastaram com bons momentos e detalhes. Duarte Pinto, humildemente, recusou a volta concedida à lide do seu segundo toiro.  
Miguel Moura, o mais jovem dos três cavaleiros, começou por lidar um de 500kg. Uma lide redonda, de batidas ao piton contrário, de recortes e espectacularidade. Chegou com facilidade às bancadas e ‘sacou’ a maior ovação. A segunda vez que saiu à arena lisboeta teve por diante um Canas de 550kg, uma prestação com menos qualidade que a anterior e a cravagem a resultar menos ortodoxa. Terminou com um aplaudido palmito.
Os de Beja são ‘bi-campeões’. Pelo segundo ano consecutivo vencem o concurso de pegas, desta vez por intermédio do forcado Guilherme Santos que concretizou à primeira tentativa a pega ao quinto da noite, onde o desempenho do forcado foi, inegavelmente, de qualidade. Por Beja também pegou à primeira Miguel Sampaio que viajou em cima do piton mas que se recompôs na cara do Canas.
Por Cascais pegou Ventura Doroteia que efectivou à segunda tentativa depois de na primeira ter ‘caído’ na cara do toiro e o cabo Joel Zambujeira consumou ao primeiro intento uma pega limpa.
Pelos Amadores de Monforte, Nuno Duarte concretizou à primeira aguentando a reunião com o Canas que partiu com pata, e Vítor Carreiras efectivou à segunda uma pega rija depois de na primeira não ter aguentado na cara do toiro após o primeiro derrote.
Dirigiu a corrida o Sr. Rogério Jóia.


Lisa Valadares Silva