Dez anos depois…

Dez anos depois repetiu-se quase na íntegra o cartel da reabertura do Campo Pequeno em 2006.
Dez anos depois ao Campo Pequeno veio um cumpridor curro de Vinhas, com destaque para os exemplares que saíram em primeiro e sexto lugar.
Mas dez anos depois o Campo Pequeno só registou meia praça.
João Moura, dez anos depois, veio a Lisboa mostrar como se faz. Com o primeiro da noite houve uma qualidade imensa na colocação dos curtos, com destaque para o quarto. Viu-se uma série de curtos com verdade, mas o reconhecimento do público só surgiu quando João Moura aguentou a duas pistas a investida do Vinhas. A noite começou bem e deu gosto ver! Com o segundo que lhe coube em sorte a história foi um bocadinho diferente, com a mesma entrega, a mesma raça e a mesma correcção mas um pouco mais intermitente.
António Ribeiro Telles tem aquele estilo de toureio que bem lhe conhecemos e que nunca passa de moda, diz quem sabe que o clássico nunca passa de moda. E dez anos depois, voltou ao Campo Pequeno para no primeiro toiro rascunhar a lição que deu no segundo. O primeiro foi reservado, mas António Ribeiro Telles leva anos disto e sabe bem o que fazer, e assim foi. O primeiro curto foi de grande qualidade, ao que se seguiu uma série semelhante. Com o segundo deu uma lição daquelas! Desde a brega de uma classe e qualidade extrema, ao desenho das sortes, ao cravar, ao remate… Tudo foi bem feito!
Rui Fernandes veio ao Campo Pequeno cheio de vontade. Com o primeiro nem tudo resultou na perfeição, mas os primeiros curtos foram de nível superior. O cavaleiro esteve muito por cima do oponente e tirou partido das qualidades do mesmo. O sexto da noite foi para mim o melhor toiro da corrida, Rui Fernandes recebeu e bem em sorte gaiola. O cavaleiro insistiu nos quiebros mas não foi bem sucedido por duas vezes, voltou a tentar e aquilo que parecia uma colhida certa não aconteceu porque o toiro passou literalmente por baixo das mãos do cavalo que as levantou no momento exacto. Dada a intermitência da lide o director de corrida só fez tocar a banda após a colocação do quarto curto e isto fez com que o cavaleiro se ‘revoltasse’ contra o director de corrida. Isto em nada beneficia a festa! Houve quem condenasse a atitude do cavaleiro com assobios.
Para pegar os seis Vinhas estiveram os Amadores de Santarém e Lisboa.
Por Santarém, o cabo Diogo Sepúlveda predispôs-se para a cara do primeiro e concretizou à quarta já com ajudas carregadas aquele que foi, provavelmente, a sua última pega no Campo Pequeno já que abandona a chefia do grupo no próximo dia 10; Lourenço Ribeiro concretizou à primeira um pega de fazer levantar o público dos assentos; João Brito efectivou à primeira uma pega rija.
Por Lisboa, o cabo Pedro Maria Gomes concretizou à quarta tentativa e com ajudas carregadas; Manuel Jorge Guerreiro fechou-se com decisão à primeira tentativa; Pedro Gil encerrou a noite com uma grande pega à segunda tentativa.
E que daqui a dez anos possamos ir de novo ao Campo Pequeno!

Dirigiu com acerto o Sr. Tiago Tavares.

Lisa Valadares Silva