UM GRANDE E VERDADEIRO CONFRONTO DE DINASTIAS NA PRIMEIRA DAS SANJOANINAS 2022

A primeira corrida das Sanjoaninas 2022 mostrou-se como um grande e verdadeiro confronto de dinastias. Viu-se a classe do toureio de Pamplona ao primeiro toiro, a grandiosidade de Moura ao quarto da ordem revelando-se como a lide da tarde, e a irreverência de Bastinhas por Marcos Tenório nos seus dois oponentes. Associado a isso, uma corrida bem apresentada e exigente da ganadaria João Gaspar, junto a uma grande tarde dos Forcados Amadores de Montemor e Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense.
 
Tiago Pamplona abriu a tarde com uma lide que rapidamente chegou às bancadas, quer pelo desenrolar da lide, quer pela forma como comunicou com o público. Assim como o seu oponente, o cavaleiro açoriano foi marcando a sua actuação em tom crescente, cravando com acerto a ferragem curta, até culminar a sua actuação com dois ferros palmos que chegaram facilmente às bancadas. Frente ao quarto toiro da ordem, não iniciou da melhor forma, e perante o sentido que o seu oponente desenvolveu, acabou por ser uma lide pouco luzida.
 
Pela dinastia Moura, o cavaleiro João Moura Jr. mostrou uma vez mais que é um dos melhores cavaleiros da actualidade. No seu primeiro toiro, aproveitou a voluntariedade do seu oponente para cravar os primeiros ferros de praça a praça, no entanto, ao arriscar em mudar os terrenos do seu oponente, numa possível expectativa de estar perante um exemplar verdadeiramente bravo, equivocou-se e o hastado de João Gaspar acabou por se fechar em tábuas e dar poucas alternativas ao cavaleiro de Monforte. No segundo do seu lote, um toiro flavo e chorreado, com tranco e transmissão na investida, o cavaleiro entendeu na perfeição as mais-valias do hastado e desenvolveu uma lide que fez levantar a praça por várias vezes, destacando-se o fim da lide com a execução colossal de uma Mourina com a cravagem no seu sítio e uma brega verdadeiramente emocionante, com a sua montada Hóstil, que no final da lide mereceu honras de volta à arena fortemente aplaudida pelo público.
 
Marcos Bastinhas, nas lides do terceiro e sexto da ordem, fez lembrar o toureio irreverente do seu pai Joaquim Bastinhas. Recebeu o seu primeiro toiro, à porta dos curros mas algum desacerto na cravagem dos cumpridos causou algum resfrio que viria a ser compensado com os adornos do seu toureio e a fase final da lide com a cravagem de bons ferros e a brega em terrenos de compromisso que foram bem reconhecidas pelo público. No seu último toiro, não se acoplou tanto, e ainda que tenha consentindo alguns toques na montada conseguiu chegar às bancadas no seu estilo comunicativo e rematou a sua actuação com um grande par de bandarilhas, desmontando do cavalo logo de seguida bem aos modos das memoráveis actuações do seu pai, Joaquim Bastinhas.
 
A primeira corrida da Feira Taurina de São João também foi uma tarde notável para os forcados. Entre pegas ao primeiro e o segundo intento, os dois grupos deram distâncias aos toiros e os hastados arrancaram-se de largo por várias vezes, criando pegas emocionantes que fizeram o público levantar-se da bancada por várias vezes. Pelos Forcados Amadores de Montemor pegaram Bernardo Dentinho ao segundo intento, Francisco Borges à primeira e João Vacas de Carvalho à primeira. Pelos Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense pegaram Francisco Matos à segunda tentativa, Toni ao primeiro intento e Carlos Vieira também à primeira.
 
Para que esta tarde fosse possível, os toiros da ganadaria João Gaspar corresponderam em seriedade, e, embora tivessem comportamento desigual, evidenciaram casta, algum sentido é certo, mas acima de tudo transmitiram emoção. Destacou-se o quinto toiro da corrida, lidado por João Moura Jr, pelo tranco na investida e pela sua fixidez, e que na volta à arena mereceu a chamada do ganadeiro à arena para saudar ovação do público.