Vila Franca de Xira acolhe a Coleção da CULTA – Associação Portuguesa do Património Tauromáquico. Contrato de Depósito assinado entre a CULTA e o Município marca início oficial da actividade da Associação.

A CULTA – Associação Portuguesa do Património Tauromáquico iniciou oficialmente a sua atividade com a assinatura do Contrato de Depósito com a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, que teve lugar esta quarta-feira, 3 de julho, na Fábrica das Palavras, em Vila Franca de Xira. A cerimónia contou com a Presença do Presidente da Câmara, Fernando Paulo, a Vereadora da Cultura Manuela Ralha, entidades oficiais, mecenas, Tertulianos e amantes da cultura tauromáquica.

Criada por um grupo de 73 mecenas e sócios fundadores, a CULTA nasce com a missão de preservar, estudar, valorizar e promover o património cultural tauromáquico português, material e imaterial. No centro da Coleção da CULTA está um espólio raro e de importância internacional, anteriormente pertencente ao 14.º Conde de Vimioso, D. José Luís de Sousa Coutinho Castelo-Branco e Meneses (1859–1930), adquirido com o objetivo de garantir que este património permanecesse em Portugal e não fosse disperso ou vendido para o estrangeiro, ao qual se juntou o espólio do Dr. Oliveira Martins.

A coleção da CULTA abrange um período que vai do século XVII ao século XXI (com o documento mais antigo datado de 1647), permitindo acompanhar quatro séculos da cultura tauromáquica — e, com ela, da própria sociedade portuguesa. Inclui mais de 2000 itens, entre livros, jornais, documentos originais, cartéis históricos e objetos de memória tauromáquica. Entre eles, 1586 livros e jornais, incluindo raridades como os cerca de 50 relatos de corridas portuguesas dos séculos XVII e XVIII, dois originais da Tauromaquia de Pepe Illo (1796), dois da Tauromaquia de Paquiro (1836), ou 20 volumes da revista La Lidia.

A coleção de cartéis e programas é extensa, com 424 exemplares, entre os quais 229 referentes à história da Praça do Campo de Santana (1831–1889). Das três primeiras décadas do Campo Pequeno constam 88 cartéis, tal como cartéis de Vila Franca do final do século XIX, e de cidades como Porto, Algés, Cascais… e até do Rio de Janeiro.

Esta coleção está depositada no Centro de Documentação do Museu Municipal de Vila Franca de Xira, ao abrigo do protocolo agora celebrado, para ser digitalizada, estudada e dinamizada em conjunto pela CULTA e o pelo Município.

Durante a cerimónia, o Presidente da CULTA, Hélder Carvalho Milheiro, agradeceu a colaboração do Município e destacou que “a CULTA pretende ser um motor de uma cultura em ação, de uma tauromaquia consciente, estudada, próxima e valorizada”.

Referiu ainda que a associação disponibilizará o seu acervo à investigação académica e ao público em geral, à promoção do debate cultural e à realização de exposições e edições especializadas, apontando como desígnio último a criação de um Museu da Tauromaquia em Portugal.

O Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Dr. Fernando Paulo, salientou o valor cultural e cívico do gesto dos mecenas da CULTA, “num verdadeiro ato de serviço público”, estes cidadãos uniram-se para resgatar e preservar um património identitário do nosso país. A Câmara Municipal, através do Museu Municipal, reconheceu desde o primeiro momento a relevância deste projeto e acolhe com orgulho a CULTA, no cumprimento da sua missão de salvaguarda do património, encontrando-se no caminho para a criação do Museu da Tauromaquia.

Os objectivos da CULTA passam por (1) Contribuir para a preservação do património cultural tauromáquico português, material e imaterial, na sua diversidade, através da sua coleção; (2) Salvaguardar espólios dispersos, constituindo um acervo único e de referência, promovendo doações, depósitos ou aquisições; (3) Estimular o estudo e a investigação académica da tauromaquia e do seu património, abrindo a coleção a académicos e interessados; (4) Promover o pensamento crítico sobre a cultura tauromáquica, fomentando debates com especialistas nacionais e internacionais; (5) Aumentar o conhecimento da cultura tauromáquica na sociedade portuguesa, editando obras, promovendo exposições, estudos e podcasts; (6) Estimular o diálogo e a colaboração com outras associações nacionais e estrangeiras, através de parcerias e intercâmbios; (7) Mobilizar os diversos agentes da cultura tauromáquica com vista à criação de um Museu da Tauromaquia, com a dignidade e projeção que esta cultura merece.

A coleção da CULTA está aberta à receção de doações e depósitos de espólios relacionados com a cultura tauromáquica, com o objetivo de garantir a sua salvaguarda, valorização e estudo. A associação coloca-se assim ao serviço de todos os que detenham acervos relacionados com esta expressão cultural e desejem garantir a sua preservação, estudo e divulgação.